1 - Quem pode ou deve ser Operado?
O IMC (Índice de Massa Corpórea) não é um método perfeito, mas é o mais utilizado para indicar a necessidade de uma cirurgia para obesidade mórbida. Ele é calculado dividindo o peso do paciente (em quilogramas) pela altura (em metros) elevada ao quadrado:
IMC = peso (kg) / altura² (m²).
Pacientes com IMC maior ou igual a 40 são considerados candidatos à cirurgia bariátrica. Para aqueles com IMC entre 35 e 40, a cirurgia também pode ser indicada, desde que apresentem comorbidades, como diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, problemas articulares (especialmente nos quadris e joelhos), colesterol alto, gordura no fígado, entre outras condições associadas.
2 - Qual a técnica a ser escolhida?
Existem duas formas de operar um obeso mórbido: técnica restritiva e técnica disabsortiva.
Na técnica restritiva, atualmente realizamos a cirurgia de gastrectomia vertical (Sleeve gástrico), onde cerca de 85% do estômago são retirados do abdômen, desta forma a pequena capacidade gástrica residual impede uma alimentação farta.
A técnica disabsortiva (Bypass gástrico ou Cirurgia de Capella) visa alterar a absorção de nutrientes calóricos fazendo com que o alimento não mais passe pelo estômago e seja desviado a seguimentos posteriores do intestino delgado.
3 - Qual o preparo pré-operatório e o que é equipe multidisciplinar?
O paciente candidato à operação bariátrica deve realizar consultas e exames com alguns especialistas que, além de corroborarem com a indicação cirúrgica, realizarão exames que avaliarão sua condição clínica e psicológica (endocrinologia, cardiologia, psicologia e nutrição). Algum desses especialistas também participarão do período pós operatório para ajustes de conduta e hábitos, além do equilíbrio nutricional.
4 - Como é feita a cirurgia?
A cirurgia é realizada sob anestesia geral e consiste na realização de laparoscopia (cirurgia minimamente invasiva com pequenos orifícios feitos no abdome) e desta forma abordamos o estômago com pinças sob visão captada por câmera e monitor, sendo realizada a técnica previamente proposta, seja gastrectomia vertical ou by-pass.
5 - Como é o pós operatório?
Após a operação, o paciente no quarto é estimulado a caminhar e ir ao banheiro sozinho. Após um período de 12 a 24 horas em jejum, introduzimos dieta líquida (chá, gelatina, água, isotônico, água de coco, suco e caldos) tomada em pequenos volumes de 15 em 15 minutos até a alta hospitalar que deve ocorrer em 2 dias. A dieta pós operatória seguirá rígida orientação do profissional da nutrição e evolui gradativamente até alimentação normal.
O primeiro retorno ao consultório acontecerá em torno de 10 dias onde avaliamos o aspecto das incisões, retirada de pontos e orientações gerais. Normalmente o retorno ao trabalho se dá no 16º dia de pós operatório.
6 - Como é o acompanhamento tardio após a cirurgia?
Serão realizados exames laboratoriais de controle pois existem peculiaridades em cada técnica operatória.
A cirurgia de gastrectomia vertical leva a redução do peso, porém não ocorre perda de nutrientes essenciais à vida (ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e Vitamina D), ao passo que a cirurgia de by-pass gástrico leva a absorção inadequada dos referidos nutrientes. Pode haver a necessidade de reposição, seja oral ou parenteral (endovenoso ou intramuscular) de algumas delas, durante toda a vida.
Também poderão ser necessários exames como ultrassom do abdome e endoscopia digestiva alta, onde detectamos precocemente problemas como por exemplo, pedra na vesícula (incidência de até 40% no pós operatório).
7 - Porque existe reganho de peso e como preveni-lo?
A cirurgia bariátrica ou da obesidade mórbida, consiste em uma opção agressiva de redução de peso, que se fez necessária pela ineficiência do tratamento clínico para perda de peso. É fundamental a mudança de comportamento em relação a alimentação, em conjunto da prática de atividade física que será fundamental na manutenção do sucesso da perda de peso.
Não há cirurgia bariátrica milagrosa. O retorno aos costumes alimentares anteriores podem contribuir para o fracasso no resultado esperado.
8 - Quais as complicações mais frequentes?
Durante o ato da cirurgia, dificuldade técnica extrema pode levar à conversão da técnica laparoscópica para a técnica convencional (Técnica aberta).
A infecção é prevenida com uso de antibióticos.
Uma complicação muito temível é a trombose venosa profunda (TVP) que consiste na formação de coágulos na panturrilha que podem migrar ao o pulmão trazendo a Embolia pulmonar. Isto é prevenido com administração de anticoagulantes, uso de meia elástica e massageadores nas pernas durante a cirurgia.
Também consideramos importantes as fístulas, que são vazamentos de líquidos do interior do intestino para a cavidade do abdome pela abertura dos grampos usados na operação.
Complicações tardias incluem obstrução intestinal no caso do Bypass, refluxo gastroesofágico no caso do Sleeve e cálculos de via biliar em ambos.